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O TANTRA E A ÍNDIA... HISTÓRIA... E HISTÓRIAS... E A SEXUALIDADE


-Yoguine em Puja de Meditação -

A filosofia do Tantra floresceu na Índia e produziu a magnifica arte tântrica.

(Templos Tântricos – Cidade de Khajuraho em Madhya Pradesh – Índia)

Concretamente é algo muito complexo procurar aplicar sobre a Índia contemporânea uma lente sobre sua forma de ser: pessoal, familiar, social, política... e – mais difícil ainda – tentar compreender as bases filosóficas que nortearam e que, mesmo que esmaecidamente - ainda norteiam a cultura Hindu.

Sabe-se que as bases da cultura hindu se fundamentou no Tantrismo, cujo movimento cultural e social era em direção à liberdade e esta liberdade também se circunscrevia ao mundo sensorial e sexual.

Dessa forma, na Índia Antiga floresceu comunidades denominadas de dravídicas cujo comportamento era não teísta, sensorialista e espiritualista, com base no matriarcalismo, não se criando oposição entre mundo material/sensorial/sexual e mundo espiritual.

Essa vivência denominada tântrica sofreu muitos abalos com as invasões de outros povos, cujas culturas eram sempre de natureza patriarcal, antissensorial e, consequentemente, repressiva.

Assim, se fizermos um olhar para a história mais recente da Índia, mesmo que de forma sucinta, deparamos com a questão das inv


asões e dos domínios de outros povos sobre aquele país.

Afirma Saran:

A cultura oficial da Índia tem sido profundamente influenciada por dois séculos de catequização, cosncientemente ou inconscientemente, pelos missionários britânicos e seus administradores; e, antes desse processo, houve a influência de sete séculos de leis islâmicas, cuja ideologia é similarmente “Mediterrânea”. Além disso, os hindus sofrem de uma profunda síndrome de ansiedade relacionada ao medo da perda do sêmen viril. Tal medo está ligado, entre outras coisas, ao medo da perda da alma. Estes dois estandartes de ascetismo foram trazidos juntos na personalidade de Mohandas Gandhi, fato que trouxe um tremendo efeito nas recentes gerações de hindus. A opinião de Gandhi tem sido criticada por um intellectual como M. N. Roy, que apontou, por exemplo, que Gandhi até queria destruir as esculturas de Khajuraho. Essa attitude de vergonha é compartilhada por muitos acadêmicos indianos.

(SARAN, Prem. Tantra – hedonism in Indian culture. New Delhi: Printworld, 2006. p. 7 e 8. Tradução de ALMEIDA, Arnaldo de).



Nos tempos mais modernos (em relação à antiguidade daquela civilização), constata-se que foram mais de mil anos de soberania islâmica e depois mais de trezentos anos de supremacia cristã-inglesa e mais de quinhentos anos de domínio no sul de governo de influência cristã-portuguesa e outras influências também de natureza cristã (francesa, holandesa...). Todas essas dominações tinham um cunho patriarcal e teísta e, consequentemente, se constituíram em um contínuo e poderoso movimento antissensorial e repressivo.

Apesar de todo esse processo de imposição de ideias não tântricas, de alguma forma, o Tantra sobreviveu, modificado muitas vezes, sim, mas sua essência conseguiu sempre ressurgir em muitas das possíveis brechas abertas por esse domínio econômico, social, militar, político e, por consequência, cultural.

Por outro lado, a faceta do Tantra que mais ficou marcada para os invasores é a senda livre do mundo sensorial e sexual e esse caminho – algo tão natural para a vida tântrica - é que acabou por rotular o Tantra no mundo e, mesmo, na Índia, uma vez que a voz dos dominadores sempre – evidentemente – predominou em todos esses séculos.

Como o Tantra reverberava na antiga Índia na forma Gupta Vidya – transmissão de conhecimentos boca a ouvido – não havia registros escritos de suas práticas e ideias. Assim, essas invasões foram drásticas para a sobrevivência daquela cultura milenar. Todos os registros então surgidos foram contaminados pela visão vedanta-cristã e o Tantra passou a ser algo rotulado por preconceitos e por interpretações equivocadas.

Os templos de Khajuraho, cuja construção apresentam inúmeras esculturas em posições eróticas e de coito, representam registros inquestionáveis do movimento tântrico na Índia, o qual, de alguma forma, ainda ressurgiu em época de dominação islâmica, pois esses templos foram construídos por volta de 800 de nossa era, quando a Índia já era dominada pelos povos islâmicos. Esse fato, sem dúvida, mostra a força do Tantrismo e sua capacidade de resistência.



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